OUTRAS LEITURAS
Todas estas obras incríveis que produzem pelo mundo.
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LEIO LATINAS
Minha filha, fazendo um trabalho para a escola, pergunta-me em entrevista:
- Mãe, como você escolhe os livros que vai ler?
Respondo:
- Procuro escritoras mulheres, de preferência latinas.
Eu não leio só mulheres, mas, depois de me irritar com um tanto de livros parecidos, percebi que precisava conhecer mais obras de escritorAs e assim começou um processo de busca e encontro que, na pandemia, me levou a ler mais de 50 livros...até agora.
Neste período, um dos primeiros que me fez companhia foi Álbum de Família, da escritora e intelectual mexicana Rosario Castellanos, ainda não traduzida por aqui.
O livro lembra, em algo, "A Mulher Desiludida", da Simone de Beauvoir e traz, em 4 contos, diferentes histórias sobre as mulheres: do lar, famosas, trabalhadoras. O primeiro se chama "Lição de Cozinha", imagem só o que vem. "Demora muito pouco, dizem os manuais. Quanto é pouco? (...) Naturalmente, o texto não especifica. A mim, parece, que eles acreditam que tenho uma intuição que, dado meu sexo, deveria carregar, mas não a carrego, um sentido, que não tenho, que me permitiria saber o momento exato em que a carne está no ponto."
Vivo tentando convencer alguma editora a publicar Rosario por aqui. Comprei o livro numa banquinha empoeirada, ao lado do metrô Ermita, na Cidade do México, em janeiro de 2020. Li em abril de 2020 Na última página, num voo, anotei:
Dia 14/2
Céu - Indiananápolis-NYC
Vejo campos de neve lá embaixo
E tenho um quente no coração
Ao menos por ora
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STRIKE A POSE
Por conta do LGBTQI+ Incríveis, livro que chega em maio às livrarias, comecei em 2019 uma pesquisa intensa sobre o tema. Fui a diversas exposições, conversei com amigas, amigos, amigues e li um tanto: teoria, histórias de vida, ficção.
Chorei muitas vezes, fiquei impactada, virei-me do avesso, li mais e hoje chego até mesmo a pôr em questão os conceitos referenciais classificatórios de homem e mulher (de sexo, não de gênero, mas é um papo longo).
Nesta empreitada, poucas obras de arte tiveram o impacto que a série POSE (no Netflix) teve sobre mim.
Pose é uma série sobre transexuais em NY nos anos 80-90, na descoberta e início da Aids, de Madonna e Vogue. A série fala de amizade, de exclusão, mas, sobretudo, a série fala de beleza e vida, quando tudo parece estar se desmontando.
Já chegou a segunda temporada e continua fabulosa. Vivo tirando fotos dos diálogos, como este aqui. Conhecer a dor e a alegria da outra, do outro é uma maneira de construir um mundo melhor. Estou certa disso.
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